Gerar uma vida é um ato tão natural quanto o parto normal, temido por grande parte das gestantes. Dados do governo federal apontam que 80% dos partos realizados por planos de saúde no País são de cesariana, apesar de o normal ser considerado mais seguro tanto para mãe quanto para bebês. Técnicas vêm sendo aprimoradas para dar maior conforto à mulher. Uma das mais conhecidas hoje é a de Leboyer.
A técnica, criada pelo médico francês Frédérick Leboyer, é caracterizada pelo uso de pouca luz, silêncio, ausência da famosa palmada para fazer o bebê chorar e mais: a criança chega ao mundo como já estava habituada no útero materno, dentro da água.
O casal de artistas circenses Andrea de Barros Pimenta e Silva, 32 anos, e Luis Henrique Silva, 36, buscou na técnica a tranquilidade para um parto normal e, principalmente, benefícios para a pequena Alice, que nasceu no último dia 22. ''Não tem adjetivos para explicar como nos sentimos naquele momento'', lembra o pai que esteve o tempo todo presente, inclusive dentro da banheira junto de Andrea.
Redução de riscos
O ginecologista e obstetra Alessandro Galleto já realizou mais de 5 mil partos normais nos lugares mais inusitados: corredor, dentro de carro, na cadeira, dentro de banheira inflável, na cama etc. Para ele, a mulher é quem deve decidir o melhor lugar e posição para ter o filho e a ausência de intervenção médica ajuda ainda mais no processo. ''Uma cesariana você faz em 20 minutos, já um parto normal leva em torno de 18, 20 horas. Optar por fazer um parto normal tem muito a ver com a atitude do médico de se dispor a fazer ou não aquilo que pode ser melhor para a paciente'', comenta.
Galletto lembra que o papel do obstetra é diminuir os riscos e intervir somente quando necessário. Segundo ele, a mulher consegue realizar 90% do parto sozinha e só é necessário a intercorrência médica em 10% a 15% das vezes. ''A medicina transformou o parto - que é um evento fisiológico e natural - em uma 'patologia'. Estimular o parto normal é uma questão de conhecimento, habilidade e atitude e o que muda aqui é a atitude de não interferir e de deixar acontecer fisiologicamente algo que já é normal'', diz.
No parto Leboyer, o acompanhante participa de todo o procedimento desde o início. Além disso, a mulher tem a liberdade de caminhar pelo quarto, entrar na banheira e relaxar até que sinta que seja a hora do nascimento do bebê.
Dia 22 de dezembro o Hospital Evangélico, em Londrina, inaugurou a nova ala com estrutura para a realização do parto Leboyer com o nascimento da pequena Alice. Andrea chegou a passar quatro horas na água com o parceiro e o médico ao lado da banheira, conversando e se sentindo cada vez mais a vontade com o clima que favoreceu um parto com sucesso.
''Quando não atrapalhamos o parto acontece de forma mais natural e mais fácil. Quando há muita interferência, muitas vezes, acabamos arrumando problemas que não existem. Hoje há muitas situações como hipertensão, feto grande ou feto pélvico (sentado), em que as mulheres já são encaminhadas para cesariana, mas ainda essas condições não são contraindicações absolutas para se evitar o parto normal'', finaliza.
O atendimento em Londrina é feito inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde que a mulher esteja em condições favoráveis e o médico que a acompanhou no pré-natal aceite fazer o procedimento.
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